Alimentos e Inovação Tecnológica

Em geral as notícias que nos chegam sobre inovação e, principalmente, quando se fala em tecnologia nos remetem às tecnologias da informação e comunicação (TICs), talvez porque essas tecnologias ficaram associadas a quebras de paradigmas e porque seus impactos na vida cotidiana são sentidos quase que de imediato.

Contudo, quero reportar a realidade transformadora por que estamos passando no setor de alimentos – de todas as formas e sabores –, para atender a todos os tipos de paladares e situações alimentícias.

Situando-se o cenário, no início do século XIX, o pensador econômico, Thomas Malthus publicava artigo científico indicando que a produção de alimentos crescia de forma aritmética, enquanto o crescimento populacional crescia de forma geométrica e, portanto, alarmante. A conta não fechava. Malthus afirmava que o mundo teria e deveria passar por catástrofes naturais ou por desastre provocados pelo homem para que se pudesse eliminar parte de sua população e, assim, permitir que os demais pudessem sobreviver, isto porque não haveria comida para todos.

Dois séculos depois, a população mundial cresceu exponencialmente, mas os alimentos também cresceram e se diversificaram. A agroindústria “ é pop, é tech” e passa por um processo de beneficiamento e/ou de transformação,  ganhando novos contornos de apresentação e sabores.

Novas técnicas de produção agroindustriais – processos e produtos – permitem pensar que a teoria malthusiana não será realidade para os países que podem consumir e produzir porque, de certa forma, o ser humano vem demonstrando um fenomenal poder de adaptação aos novos formatos e sentidos de alimentos produzidos pela agroindústria – por meios de laboratórios a partir da utilização de técnicas biotecnológicas e formulações bioquímicas. Hoje, por exemplo, se come carne de frango feita a partir de penas de aves.

De modo genérico, destaca-se, por um lado, o interesse no desenvolvimento de produtos funcionais, bebidas misturadas, bebidas detox e outros padrões alimentares. Em outra ponta, se destacam as inovações em design de embalagens e em embalagens inteligentes, cuja característica principal é a presença de tecnologias capazes de comunicar as reais condições de um produto ou do ambiente em que ele se encontra (as TICs são importantes aqui).

Em produtos orgânicos, setor com forte tendência de crescimento, há uma profusão de novas tecnologias e inovações que vão desde o produto até a aplicação de técnicas entomológicas que evitam o uso de defensivos agrícolas. 

No campo de proteínas animais, estamos vivendo uma forte guinada (por exigências do consumidor) para investimentos em tecnologias e inovações direcionadas ao bem-estar animal. Esses investimentos são direcionados para tecnologias que diminuam o sofrimento animal. Nos próximos anos, tecnologias e inovações nessa direção serão obrigatórias. Neste caso, a interação setor agroindustrial e TICs será primordial, incluindo-se aí tecnologias da chamada indústria 4.0 – mecatrônica, eletrônica, IA, IoT e inteligência de máquinas.

Um parâmetro para se ter ideia do que vem acontecendo no setor é que a principal Agência de Inovação brasileira vem recebendo uma quantidade cada vez maior de solicitações de financiamento para projetos de inovação tecnológicas no setor da agroindústria, comparativamente aos demais setores que apoia.

Análio Rodrigues

SDL Gestão

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